segunda-feira, 19 de julho de 2010

PORTUGAL NUMERO UM NAS EXPORTAÇÕES ANGOLANAS

Nos primeiros quatro meses deste ano Portugal foi o principal parceiro comercial de Angola no contexto dos países da CPLP, superando mesmo o Brasil como destino das exportações nacionais. Na verdade, entre Janeiro e Abril de 2010, as exportações angolanas para Portugal atingiram os USD 272,43 milhões, ao passo que para o Brasil se situaram nos USD 169,2 milhões (mesmo assim superando o valor registado em igual período de 2009, quando se ficaram pelos USD 76,39 milhões). O valor apurado nas vendas a Portugal fica-se a dever, em medida decisiva, à exportação de combustíveis e lubrificantes (USD 270 milhões, ou seja, 99% do total).

No que respeita às importações de Angola junto destes dois parceiros da CPLP – os únicos com relevância no que respeita a trocas comerciais.

– o país importou mercadorias no valor de USD 737,2 milhões de Portugal, ao passo que as importações provenientes do Brasil se cifraram em USD 288 milhões, o que traduz uma significativa quebra relativamente ao mesmo período de 2009, em que as compras angolanas ao Brasil atingiram os USD 560,4 milhões.

Estes valores relativos aos primeiros quatro meses do ano poderão evidenciar, acima de tudo, um comportamento atípico das exportações angolanas para o Brasil já que, tradicionalmente, o país sul-americano ocupa um lugar bem mais destacado que Portugal entre os principais clientes de Angola.

Com efeito, embora o Brasil apresente cronicamente um saldo favorável na sua Balança Comercial com o nosso país (com excepção de 2008 em que as importações brasileiras de Angola atingiram os USD 2,23 mil milhões, crescendo 136,3% em relação ao ano anterior), o país sul-americano figura em 5º lugar na lista dos principais destinos das exportações angolanas, atrás da China, Estados Unidos, França, África do Sul e Canadá. No último ano o valor das exportações angolanas para o Brasil ascendeu a USD 1,97 mil milhões, o correspondente a 7% do total das vendas de produtos nacionais ao exterior. Entre 2005 e 2008 as exportações brasileiras para Angola cresceram 278% comparativamente a 2005, situando-se, em 2008, nos USD 1,9 mil milhões, tendo registado, no último ano um significativo decréscimo (-32,5%), o qual poderá estar ligado às condições adversas decorrentes da crise económica mundial. O principal destino das exportações nacionais é a China (USD 9,25 mil milhões a preços FOB no último ano, valor que representa 32,7% do total).

Pelo contrário, Portugal, não obstante ser o principal fornecedor da economia angolana com 17,7% das importações nacionais em 2009 (USD 2,5 mil milhões a preços CIF), à frente da China (17,7%) e do Brasil (10,1%) , importou do nosso país, no último ano, menos que Espanha, Chile, Índia, Reino Unido ou Alemanha. Embora as relações comerciais entre os dois países venham denotando uma evolução assinalável, com as importações angolanas de Portugal a registarem um aumento de 678% entre 1990 e 2008 e as exportações angolanas para Portugal a aumentarem em 553% no mesmo período, o certo é que a taxa de cobertura das exportações pelas importações em relação a Portugal era, em 2008, apenas de 18%, ou seja, o nosso país importava cinco vezes e meia mais produtos que exportava para Portugal. Em Abril deste ano, a taxa de cobertura das importações pelas exportações melhorava ligeiramente (37%) mas, mesmo assim, Angola importou 2,7 vezes mais produtos que os que exportou para terras lusas.

De salientar que, no contexto da CPLP, Angola representou, nos quatro primeiros meses de 2010, 72% das exportações portuguesas e absorveu 45% das compras efectuadas por Portugal a países da comunidade lusófona. Quando nos cingimos ao universo dos PALOP, e ainda entre Janeiro e Abril deste ano, os números ainda são mais expressivos, com Angola a absorver 80% das exportações e 98% das importações lusas para o conjunto dos países africanos de língua oficial portuguesa.

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