quinta-feira, 27 de novembro de 2008

NOSTALGIA

Olho para o mar e sonho acordado
Tantos sentimentos que brotam em mim
Mesmo sem querer volto ao passado
E vejo o cacimbo cobrindo o Amboim

São sonhos que passam, volto acordar
Sussurro o teu nome na noite escura
Mesmo sem querer começo a chorar
Pois os anos passam mas a dor perdura

Até sonhei que um dia já toquei a lua
Voei pelos céus e atravessei o mar
Percorri as fontes à tua procura
Quando te encontrei . . . parei se sonhar

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A HISTÓRIA DA DESCOLONIZAÇÂO

Com tantas informações e acusações a circular na net dirigidas a pessoas com nomes sonantes na nossa sociedade e política, será de esperar que a nossa história tal como hoje a conhecemos terá de ser reescrita e imputar responsabilidades aqueles que de forma aventureira e irresponsável brincaram com a vida de centenas de milhar de pessoas que à pressa tiveram de abandonar toda uma vida de luta e sacrifícios e também das centenas de milhares de angolanos que perderam a vida na guerra civil em Angola.
Como podem essas pessoas dormir descansadas e continuar a dar a cara como se nada se tivesse passado? Como pode um país responsável abandonar pura e simplesmente todo um povo virando literalmente as costas e deixando milhões de pessoas sem meios humanos e financeiros para se governarem. Mais! Como podem esses governantes retirarem toda uma administração e forças de ordem pública, quando sabiam que havia no terreno tres movimentos armados e dispostos a lutarem entre si fazendo valer direitos que a potencia colonizadora não soube acautelar?
Serão genuinas as cartas que circulam na net onde altos responsaveis e figuras de topo da nossa administração incentivam o ódio e a violencia contra os seus concidadãos?
Acredito que vivemos num país de direito, mas se assim é, o que foi feito para chamar essas pessoas à responsabilidade e imputar-lhe essas culpas? Será que é preciso uma nova geração para que a verdade seja conhecida? Mais vale tarde do que nunca, é um facto, mas nessa altura já terão também desaparecido todas as vítimas desses senhores, amarguradas e revoltadas contra um sistema que se diz justo e imparcial.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

OS MEUS DIAS

Foi um tempo de sonho
Num passado risonho
Que teimo em recordar
Sou tolo em não esquecer
Algo que me faz sofrer
E algumas vezes chorar
Pelo mundo fui andando
Algumas vezes sonhando
De um dia poder voltar
Mas fui sempre adiando
E o tempo foi passando
Neste constante adiar
Fui sempre um errante
Numa procura constante
Dum sítio onde morar
Queria algo parecido
Daquilo que tinha perdido
Do outro lado do mar
Do muito que procurei
Nunca mais encontrei
Terra para te igualar
Deixei de ter ilusões
Vivo de recordações
Vendo os anos a passar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

SE UM DIA VOLTASSE

Creio, que se um dia voltasse
Á terra que me viu crescer
Por mais que eu procurasse
Meus olhos não podiam ver

Em cada casa eu procurava
Um amigo, um rosto conhecido
A cada passo eu recordava
Aqueles com quem tinha vivido

Caminharia pelas ruas
Vendo as casas desbotadas
Olhando as paredes nuas
Ha muito sem serem pintadas

Fortes dores ía sentir
Ao percorrer a mesma terra
Donde tivemos que fugir
Quando começou a guerra

Sei que não encontraria
Aquelas minhas amizades
Penso que só sofreria
E não matava as saudades.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O FIM DUMA GERAÇÃO

Embora seja a lei natural da vida, assistimos com alguma tristeza à partida daqueles homens e mulheres que tiveram de deixar Angola já com alguma idade. Ao fim de mais de trinta anos, são muitos aqueles que já partiram e os que ainda estão connosco, já estão bem entradotes na idade, notando-se sobretudo as suas ausencias nos encontros anuais que as diversas comunidades dos "retornados" agrupadas e denominadas pelas cidades angolanas que ha muito deixaram, teimam em continuar a realizar.
Gostariamos de passar esse testemunho aos nossos filhos, embora creia que isso tende a desaparecer, com grande mágoa daqueles a quem um dia chamaram "retornados". É bonito de ver que alguns filhos nascidos já em Portugal, vez por outra acompanham os pais, mas são sobretudo a geração de "retornados" mais nova, que teima em se juntar, um partilhar de vivencias e sobretudo o recordar dos anos passados em terras de além mar.
Tudo tem um fim e quer queiramos ou não, também estes encontros irão ter o seu e, isto acontecerá quando a nossa geração, os chamados novos na altura da triste descolonização, também chegarmos ao fim. Mas até lá e creio que essa é vontade de todos nós, tudo faremos para proporcionar e promover ocasiões, onde o matar de saudades nos ajudem a recordar uma infancia vivida juntos e que uns poucos ousaram estragar e espalhar.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

SONHOS DO PASSADO

Eu sonho que um dia vou conseguir
Pôr-me de pé e voltar a andar
Gostar da vida e voltar a sorrir
Poder por fim, este hospital deixar

Sentir o sol na pele a queimar
Sentir o cheiro a terra molhada
Como um cabrito poder saltitar
Deixar de sentir a vida acabada

Poder caminhar à beira do mar
Ouvir de novo o bater das ondas
Fechar os olhos e poder sonhar
Que já não preciso de tantas sondas

Poder um dia sentir ao acordar
Que me levanto e ando pelo chão
Que apareceu alguém e voltei a amar
Que se extinguiu tanta desilusão

Eu sonho que um dia ate vou voar
Rir-me deste mundo e de tanta dor
Eu sonho que um dia vou poder voltar
Encontrar alguém que me tenha amor

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

COMO VAI O NOSSO PAÍS

Confesso que por vezes até penso que os nosso governantes ou nos julgam atrasados mentais, ignorantes ou porventura apenas gostam de gozar com o cidadão comum, se não vejamos!
Será que é moralmente aceite em qualquer civilização que se peça a um seu concidadão que faça sacrifícios por o país estar a viver momentos de grande crise, quando a pessoa que faz esse pedido ganha dez ou vinte vezes mais? Que moral tem o senhor Presidente da República em apelar aos portugueses que têm de compreender a situação difícil que Portugal atravessa, quando o referido senhor, para além do seu vencimento como presidente, ainda aufere mais tres reformas, do Banco de Portugal, da Universidade Nova e por ter sido primeiro ministro isto no valor de mais de nove mil euros (só as reformas). A lista é deveras grande de todos os senhores que nos governam e que ainda têm a moral de pedir a um seu cidadão, que necessita de comer como eles, que necessita de se vestir como eles (aqui talvez tenha que ir aos ciganos), que precisa de uma casa, de alimentar a familia, etc., etc. e que apenas leva para casa ao fim dum mes de trabalho a avultada quantia de ....quatrocentos ou quinhentos euros!
Tenham um pouco de vergonha senhores, não está em causa a legalidade daquilo que recebem, mas assim como fazem leis que servem para viverem à grande e à francesa, pensem um pouco naqueles que todos os meses contam os seus centimos, para que ao fim do mes, os seus filhos continuem a ter pão.