quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DESEMPREGO EM LUANDA

Todos os dias milhares de pessoas acordam cedo para procurar uma vaga de trabalho em restaurantes, obras, empresas, localizados na Baixa de Luanda. Cada manhã traz consigo a esperança de poder ser nesse dia que vão encontrar o emprego que procuram. 
Na rua da Missão, tem sido visível de longe o aglomerado de pessoas à porta de um novo hotel que, antes mesmo de ser anunciado o recrutamento de pessoal, atrai aqueles que, na expectativa de arranjar trabalho, ali aguardam uma oportunidade. 
“Todos os dias é assim. O hotel ainda não foi inaugurado, mas a falta de emprego faz com que essas pessoas venham de longe, desesperadamente, à procura de uma vaga de trabalho”, explica à reportagem do Jornal de Angola um dos pedreiros que trabalha nos acabamentos do hotel. 
Sem saberem se vão ser recebidos, esperam pacientemente. Alguns acabam por se tornar amigos e passam o tempo a desabafar as suas malambas. Outros, de tanto esperar, encostam-se aos carros ali estacionados à procura de uma sombra. 
Alice Freitas veste uma roupa formal, sapatos rasos, tem um bebé às costas e o currículo enrolado na mão. A ela juntam-se outras pessoas, na sua maioria jovens que aparentam idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos. O objectivo de todos é o mesmo: arranjar uma vaga antes do hotel ser inaugurado. Sem mesmo alguém lhes ter dito que são necessários empregados, todos os dias se reúnem ali, à espera que uma porta se abra para eles. 
“As dificuldades aumentam em cada dia que passa”, lamenta António Francisco. “Preciso custear os meus estudos e sem um salário não sei como fazer. Encontrar emprego, hoje em dia, é como procurar uma agulha no palheiro, mas encontra-se. Tenho fé que aqui veremos uma luz verde ao fundo do túnel”, acrescenta, esperançoso.
Enquanto aguardam, entretêm-se com anedotas, histórias e algumas brincadeiras para espantar a ansiedade. João Bernardo, por sinal um dos mais aplicados animadores do grupo, conta que, para passar o tempo, “às vezes brincamos um tomba a outra, zombamos com o currículo uns dos outros, entramos em risadas até nos fartarmos. E tudo isso ajuda à distracção, porque se não for assim, torna-se aborrecido ficar à espera”. 

Mais abaixo, na Mutamba, junto à antiga Fazenda, hoje Ministério das Finanças, é visível o número de pessoas que ali aproveitam para descansar. Algumas andam de porta em porta, na tentativa de conseguirem um emprego. 
Como o João Bernardo, que depois de permanecer algum tempo à porta do hotel, desce a rua da Missão em direcção a um banco onde possa sentar-se e repousar os pés. Com 32 anos, procura uma vaga de motorista. Veio do município do Kilamba Kiaxi e está a espalhar o seu currículo por várias empresas, na expectativa de um dia ser chamado. “Estou desempregado há mais de dois anos. Tenho o ensino médio feito em Ciências Sociais e sou pai de quatro filhos. Não posso me desesperançar. Tenho de continuar a procurar um emprego, porque senão não terei como sustentar os meus filhos. A minha mulher é vendedora e não pode assumir todas as despesas da casa, porque o negócio nem sempre rende”.

CIDADE DA GABELA CELEBRA 104 ANOS DE EXISTENCIA

A cidade da Gabela, sede do município do Amboim, Kwanza-Sul, elevada à categoria de cidade a 28 de Setembro do longínquo ano de 1907 celebrou, ontem, 104 anos da sua existência. A data foi marcada com a inauguração de várias infra-estruturas sociais. 
O administrador municipal adjunto do Amboim, António Carvalho, disse ao Jornal de Angola que o sector social, afectado durante o conflito armado, constitui uma das prioridades, referindo que estão em fase de execução cinco projectos que contemplam a construção e reabilitação de escolas, postos de saúde e maternidade, reparação de passeios e lancis, além do relançamento da actividade agro-pecuária.
No quadro do programa comemorativo do aniversário da Gabela, foram inaugurados um centro materno-infantil adjacente ao hospital municipal do Amboim e um posto médico no bairro Lembrança, que vai atender um universo de três mil habitantes.
Em fase de conclusão e de apetrechamento estão quatro salas anexas à escola primária Augusto Ngangula, na sede municipal, e um centro materno-infantil, além da maternidade do hospital municipal. Constam ainda dos projectos em curso para o presente ano, um centro de estomatologia e postos de saúde nas localidades de Salinas e Candele. 
O programa comemorativo dos 104 anos da cidade compreende também actividades culturais, desportivas, recreativas e campanhas de limpeza e embelezamento. Para o encerramento das actividades, está previsto um almoço de confraternização entre os amigos e naturais da cidade.
António Carvalho esclareceu que a realidade actual do município é completamente diferente, comparativamente ao período anterior, fruto do empenho do Executivo e do governo provincial. “O que foi feito até aqui representa uma gota no oceano”, pela imensidão de problemas que ainda afligem as populações, acrescentou. “Vamos continuar a trabalhar, porque entendemos que temos ainda muito por fazer para a resolução dos problemas das populações”, frisou.
O administrador municipal defendeu, por outro lado, a necessidade de se ter uma classe empresarial forte, que possa oferecer serviços às populações e criar emprego, lançando, por isso, um repto aos empresários nacionais e estrangeiros a investirem na região. 

O sector produtivo conheceu melhorias significativas com a implementação do crédito agrícola, tendo sido contemplados 1.193 camponeses, repartidos por 117 grupos solidários, com um montante de 3,938 milhões de dólares, a serem reembolsados em 11 meses.
A rede hoteleira também está a conhecer melhorias, com a reabilitação de infra-estruturas do ramo que, num futuro breve, vai atrair turistas de toda a parte do mundo. 
Os sectores da saúde e da educação também vivem problemas conjunturais, mas as autoridades estão empenhadas em dar solução aos problemas que os afectam.
A rede sanitária compreende dois hospitais municipais, sendo um na sede e outro na Boa Entrada (CADA), seis centros de saúde, 11 postos de saúde e cinco postos móveis do PAV. O corpo clínico compreende 13 médicos, dos quais dois nacionais, e 175 enfermeiros.
O sector da educação tem uma rede escolar de 25 escolas de carácter definitivo e 24 de construção provisória. Frequentam o presente ano lectivo 381.744 alunos da iniciação à 12ª classe e leccionam no município um universo de 1.123 professores. Por falta de espaços e de professores estão fora do sistema do ensino 6.258 crianças em idade escolar.
O município do Amboim é potencialmente agrícola, possuindo solos férteis para o cultivo de milho, feijão, ginguba, batata rena e doce, e banana. No município existem 170 associações de camponesas, mas apenas estão em funcionamento 135. Também estão instaladas 22 cooperativas e 341 empresas agrícolas. A grande preocupação de momento prende-se com a falta de apoios em sementes melhoradas, fertilizantes e pesticidas, que são adquiridos no mercado informal a preços exorbitantes.
O comércio é forte na região e os operadores fornecem bens e serviços às populações, respondendo à procura, mas nota-se a ausência de uma rede de comércio rural que possa satisfazer as necessidades dos camponeses.
Com uma superfície de 1.027 quilómetros quadrados, o município conta com uma população estimada em 208.89 habitantes e a divisão administrativa corresponde a duas comunas, sendo a sede e Assango, com três áreas administrativas, nomeadamente, Salinas, Honga e Boa Entrada (CADA).

CREDITO A HABITAÇÃO COM REGRAS PROPRIAS

O Conselho de Ministros deu ontem luz verde a um conjunto de diplomas jurídico-legais que definem as condições de acesso e de aquisição de habitação própria. Entre os diplomas apreciados durante a sessão, que foi orientada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, constam os decretos presidenciais que estabelecem o regime de crédito à habitação, o que define o regime jurídico das contas poupança-habitação, e os instrumentos de delegação de poderes para que o Fundo de Fomento Habitacional possa celebrar protocolos com instituições financeiras vocacionadas para concessão de créditos.
Com vários projectos habitacionais em curso, em diversos pontos do país, no âmbito do programa nacional de habitação que prevê a construção de um milhão de fogos, as condições jurídico-legais para facilitar a realização das aspirações dos cidadãos angolanos e, sobretudo, dos mais jovens, surge como uma prioridade do Executivo.
Segundo um comunicado daquele órgão consultivo do Chefe do Executivo, o decreto presidencial que estabelece o regime de crédito à habitação habilita o acesso em condições favoráveis de financiamento, nomeadamente por via da bonificação de juros, aos cidadãos com idade até 40 anos, para aquisição de habitação construída, a realização de obras de conservação e beneficiação e a compra de terreno para a construção de casa própria. 
O documento refere que além da facilidade criada pelo referido diploma, "a aprovação de um regime jurídico específico que estimule a poupança das famílias para a aquisição de habitação", acarreta a "vantagem da isenção de impostos relativamente aos juros activos, da possibilidade do acesso ao crédito a longo prazo para esse fim, bem como da prioridade da compra de casa própria no âmbito dos programas habitacionais do Estado". 
Durante a sessão de ontem, o Conselho de Ministros analisou os balanços referentes ao Plano Nacional de 2010, ao Programa de Investimentos Públicos de 2010, à Conta Geral do Estado referente ao exercício económico de 2010, e à Programação Macroeconómica e ao Programa de Investimentos Públicos (PIP) referente ao primeiro semestre deste ano.
Ainda no plano económico, foram aprovados os instrumentos de programação macroeconómica e financeira relativos ao último trimestre do ano em curso. O comunicado do Conselho de Ministros indica que, em resposta à necessidade de se regulamentar convenientemente o processo de contratação de serviços de assistência técnica ou de gestão, prestados por entidades estrangeiras, o órgão aprovou um projecto de decreto presidencial que define os termos e condições dos contratos neste domínio. 
Nos termos do referido diploma, "os contratos com prazo até 12 meses cujo valor global seja inferior ou igual a 300 mil dólares são da exclusiva responsabilidade da entidade beneficiária residente, enquanto para valores superiores passa a ser exigido o pronunciamento de uma comissão de avaliação". O diploma consagra um conjunto de procedimentos, pressupostos, cláusulas obrigatórias e outras proibidas, que devem ser observadas aquando da contratação.

domingo, 25 de setembro de 2011

MARILDA SAMBA VENCEDORA DO FESTIVAL DA CANÇÃO DE LUANDA

Com 45 votos, a concorrente Marilda Samba Coxe, de 22 anos, sagrou-se vencedora do Grande Prémio da Canção, da 14ª edição do Festival da Canção de Luanda, realizado, sexta-feira, no Cine Atlântico.
Avaliado em 10 mil dólares, Marilda Coxe convenceu o júri ao interpretar o tema “Malalanza”, enquanto a dupla Euclides e Viegas, que interpretou “Kie kie kie kiukitukila”, ficou com o prémio de Melhor Voz e receberam 2000 dólares, o mesmo valor teve direito a concorrente Albertina Márcia Augusto, com o tema “Monami Xiku”, arrebatando o prémio LAC/Unitel.
Marilda Coxe, que superou os outros noves concorrentes na expressão em palco, voz, indumentária e interpretação, recebeu das mãos do artista plástico Etona o cheque no valor de dez mil dólares.
O presidente do corpo de jurado, Jonh Bella, reconheceu que tiveram tarefa difícil para escolher o vencedor da 14ª edição do Festival da Canção de Luanda. “Foi muito complicado escolher o vencedor. Está de parabéns o compositor Tonito porque as suas canções são pedagógicas e facilitou o trabalho dos concorrentes”.
Natural de Luanda, a vencedora do Festival da Canção de Luanda começou a cantar no coro da Igreja Tocoísta desde pequena. Ela disse, ao Jornal da Angola, estar a viver este de “maneira muito profunda”.
Marilda Coxe disse que tem a música no sangue, por ser de uma família de cantores. Participou no concurso Estrelas ao Palco em 2008 e 2010, chegando à segunda fase nas duas edições. A cantora, que já acompanhou alguns artistas, integra um projecto com o seu irmão Tony Samba para seguir carreira artística. “Agora as minhas responsabilidades aumentam e prometo continuar a trabalhar para alcançar os meus sonhos”.
A dupla Euclides e Viegas disse que vai apostar mais na formação musical e que já está a trabalhar para a apresentação de um single ainda este ano. Eles formam a dupla musical “Os Fantásticos”, que canta em bares e restaurantes onde são convidados, regularmente, para actuar em espectáculos de músicas românticas.

Albertina Augusto, natural de Benguela, é estudante de Sociologia, da Universidade Jean Piaget. Começou a cantar no Lobito, e agradeceu o carinho do público que a votou.

sábado, 10 de setembro de 2011

DETENÇÕES EM ANGOLA - A EXPLICAÇAO DO GOVERNO

O ministro do Interior, Sebastião Martins, afirmou ontem, em Viana, que a Polícia Nacional agiu com base na lei, durante a manifestação ocorrida no último sábado, no Largo da Independência, em Luanda, em que foram detidos e encaminhados para julgamento alguns participantes.
Sebastião Martins, que falava à imprensa durante a inauguração de uma nave anexa ao Estabelecimento Prisional de Viana, esclareceu que a acção da Polícia visou repor a ordem e tranquilidade públicas.
O ministro do Interior admitiu que a manifestação foi autorizada, mas sublinhou que a mesma tinha de ser realizada entre as 13 horas e a meia-noite daquele dia, requisito não respeitado pelos organizadores.
Segundo o ministro, os manifestantes desrespeitaram as regras de civismo e de comportamento aceitáveis numa sociedade que se quer tranquila e onde os princípios morais e o respeito devem prevalecer.
“Os manifestantes, ao marcharem do (antigo largo) Primeiro de Maio, na tentativa de seguirem até ao Palácio (Presidencial), criaram embaraços na rua, usaram palavras ofensivas à dignidade das pessoas e amolgaram viaturas, situação que criou desordem pública e alterou o sentido da marcha”, disse.
Sebastião Martins lembrou que Angola é um país onde as normas e princípios constitucionais são respeitados. “A Polícia não actuou com tanta violência como parece, porque de noite até já estavam casais a tirar fotografias (no referido largo)”, afirmou.
Segundo o ministro, as forças da ordem cumpriram com o seu papel, apresentando os detidos ao Ministério Público. “Cabe agora ao tribunal definir se a actuação da Polícia foi ou não boa”, acrescentou, lembrando que o papel da corporação é proteger a população e fazer com que os cidadãos se sintam em paz e segurança.
Sebastião Martins disse que tem assistido a algumas referências sobre a actuação da Polícia e lamentou o facto de não se estar a divulgar o incómodo que a manifestação causou a terceiros, assim como a “grande simpatia” que a maior parte dos cidadãos das proximidades do Largo da Independência demonstrou à corporação, devido à sua intervenção. “Eles (os cidadãos) sentiam-se ameaçados”, frisou.

Há democracia em Angola

O governante assegurou que o Ministério do Interior vai continuar a tomar medidas que evitem a criação de condições que estiveram na base dos motins ocorridos em Londres, Grécia e outras paragens. O ministro do Interior refutou aqueles que dizem não haver democracia em Angola. Aliás, sublinhou, se não houvesse democracia em Angola, manifestações como a ocorrida no dia 3 deste mês nem sequer teriam lugar.
“Se Angola fosse um Estado onde houvesse um défice acentuado de democracia, como se costuma dizer, aquelas manifestações não seriam possíveis. A manifestação é prova da vitalidade da democracia”, disse Sebastião Martins, para quem é preciso entender que “a democracia tem regras e princípios”.
“Que haja manifestação, mas respeitando os outros milhões que não se revêem nela”, apelou o ministro, que lembrou a máxima segundo a qual “os nossos direitos terminam onde começam os dos outros”. Sebastião Martins admitiu que haja alguma frustração por parte da juventude, mas realçou que “há um grande esforço do Executivo” no sentido de resolver os principais problemas que afligem a população. Para o ministro, o momento oportuno e soberano para manifestar agrado ou desagrado à governação é durante as eleições, que estão previstas para o próximo ano.

Cadeia de Viana

Inaugurada pelo ministro do Interior, a nave anexa ao Estabelecimento Prisional de Viana foi construída durante 24 meses pela empresa chinesa Kaituo e tem capacidade para acolher 600 reclusos.
A nova ala da Cadeia de Viana tem vários dormitórios com ventilação e televisor, parlatórios, cozinha, refeitório, lavandaria, seis celas disciplinares, área de controlo penal, armazém e visa melhorar as condições dos reclusos.
Foram ainda entregues 170 viaturas à Direcção dos Serviços Prisionais, para apoiar os efectivos policiais de outras províncias.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ENERGIA DO GOVE NO PROXIMO ANO

A barragem do Gove pode começar a fornecer energia eléctrica a partir do primeiro semestre do próximo ano, com a entrada em funcionamento da primeira turbina, garantiu, na sexta-feira, na cidade do Huambo, o representante da empresa fiscalizadora da obra.
O Executivo, afirmou Rogério Antão, está a concluir o processo de reinstalação da barragem hidroeléctrica do Gove, com capacidade para produzir cerca de 70 mega watts para as províncias do Huambo e do Bié.
O primeiro grupo gerador de energia, referiu, deve começar a funcionar em 31 de Março.
A barragem do Gove, na província do Huambo, concluída em 1975, foi alvo de sabotagem na década de 1990, durante a guerra.
O projecto de recuperação da barragem do Gove inclui a construção de três novas turbinas, com capacidade, cada uma delas, de 20 mega watts, suficientes para abastecerem as províncias vizinhas do Huambo e Bié. 
A recuperação da barragem do Gove prevê igualmente a instalação de linhas de transportes da energia. A central hidroeléctrica do Gove vai relançar o desenvolvimento económico e social da região centro e sul do país.

ANGOLA VENCE UGANDA E MANTEM A ESPERANÇA


Angola mantém vivo o sonho de marcar presença no Campeonato Africano das Nações (CAN-2012), a realizar no Gabão e na Guiné-Equatorial, ao derrotar, ontem, no Estádio Nacional 11 de Novembro, o Uganda, por duas bolas a zero.
O público que encheu por completo o estádio teve de sofrer até à segunda metade do encontro para fazer a festa do golo, pois na primeira os atacantes foram bastante perdulários, embora as situações de marcar não tenham sido muitas. Manucho Gonçalves e Flávio Amado foram os autores dos tentos, que voltam a dar esperanças aos angolanos.
Angola entrou cautelosa no jogo, permitindo mesmo que o Uganda tomasse conta das operações, com os Palancas a acordarem apenas aos cinco minutos, quando chegaram pela primeira vez perto da baliza contrária.
A falta de um distribuidor das jogadas obrigava os Palancas a optarem pelo jogo directo, sem a bola circular pelos três sectores.
Os ugandeses tiravam partido deste facto, circulando a bola, mas sem arriscar muito nas acções ofensivas. Afinal, o empate interessava-lhes. 
Lito Vidigal operou mudanças tácticas, tirando Amaro do centro do meio campo para os flancos, estratégia que deu frutos, pois os Palancas passaram a jogar mais perto da baliza do guarda-redes Dennis Onyango, mas sem tirar proveito das várias acções que podiam resultar em perigo para a baliza adversária.
Nos instantes finais da primeira parte, os Palancas encurralaram os ugandeses no seu último reduto, com Amaro a ser o mais inconformado com o rumo dos acontecimentos, com arrancadas e assistências, mas o golo teimava em não acontecer por falta de eficácia dos atacantes, principalmente Manucho. As equipas foram para o intervalo tal como haviam entrado.

Os golos estavam reservados para a etapa complementar.
Os Palancas entraram ameaçadores e iniciaram a pressionar o último reduto dos ugandeses.
Lito Vidigal mexeu na equipa, substituiu Amaro por Flávio, apesar dos protestos do público. A mexida surtiu efeito, pois as movimentações ofensivas tornaram-se mais rápidas. Em função disso, surgiu o golo de Manucho, que concluiu de cabeça um cruzamento de Djalma.Com o golo sofrido, o Uganda tentou reagir, mas os Palancas continuaram a dominar as operações no meio campo e voltaram a violar as redes contrárias, por Flávio, a concluir jogada combinada após livre. Era o delírio nas bancadas.
Depois foi uma tentativa de reacção do Uganda, mas sem qualquer perigo.  

domingo, 4 de setembro de 2011

REABILITAÇÃO DA LINHA FERREA ENTRE BIÉ E MOXICO

A reabilitação da linha do Caminho-de-Ferro de Benguela, entre Catabola, Camacupa, Cuemba (Bié) e Camgumbe (Moxico) decorre a bom ritmo, com a colocação de novos carris e terraplanagem, numa extensão de mais de 400 quilómetros.
No troço Camacupa-Cuemba, nas imediações do rio Cuiva (Bié), os trabalhos na linha-férrea está praticamente repostas. 
Os trabalhos de reabilitação incluem a construção de estações, pontes para viaturas e a colocação de esgotos, ao longo de toda a linha, para escoamento das águas pluviais e fluviais.
Os trabalhos de reposição da linha do Caminho-de-Ferro de Benguela, além de perspectivar uma vida nova aos habitantes da região, garantiram emprego a muitos angolanos, na sua maioria jovens.
O transporte ferroviário é uma parte fundamental da cadeia logística, que em tempos facilitou as trocas comerciais e o crescimento económico de Angola 
Hoje, as populações deslocam-se apenas por via rodoviária e aérea com custos de passagem elevados, que podem baixar com a reabertura da rede ferroviária.
A linha do Caminho-de-Ferro de Benguela tem uma extensão de mais de mil quilómetros a partir da a província que lhe deu o nome, passando pelo Huambo, Bié e Moxico até a fronteira com a República Democrática do Congo.

O troço que liga Bié ao Moxico foi palco de muitas batalhas durante o conflito armado. As principais estações e pontes foram totalmente destruídas, o que impediu a comunicação entre a população da mesma região durante mais de 20 anos, igualmente privada do transporte de matérias-primas para as fábricas e dos produtos acabados na região.
Apesar de se registar um grande avanço na reabilitação do CFB, o troço rodoviário que liga o Bié ao Moxico constitui ainda um obstáculo para as viaturas. A estrada encontra-se totalmente esburacada e não oferece mínimas condições de trânsito para outras localidades.
O troço Munhango-Cuemba-Lue­na, numa extensão de 240 quilómetros, é o que apresenta maiores problemas. A grande concentração de areias exige a utilização de veículos todo-o-terreno e muita prudência.
Munhango e Luena estão separadas por 420 quilómetros. Em condições normais, o percurso é feito em três horas, mas devido ao mau estado da via, a viagem demora mais de dez.

INAUGURADA PONTE 17 DE SETEMBRO

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, inaugurou ontem, na vila da Cabala, a maior ponte do país, baptizada com o nome de 17 de Setembro, data natalícia do fundador da Nação angolana, Dr. António Agostinho Neto, nascido em Icolo e Bengo em 1922.
A abertura à circulação rodoviária da ponte sobre o rio Kwanza, com 1.534 metros, aconteceu na véspera da abertura oficial da peregrinação à Nossa Senhora da Muxima, o que não deixa de ser significativo na medida em que a infra-estrutura ora inaugurada vem facilitar o acesso de milhares de peregrinos à capela situada no município da Quissama, a 135 quilómetros de Luanda.
Ao proceder à apresentação da obra ao Presidente da República, que se fez acompanhar da Primeira-Dama, Ana Paula dos Santos, e de membros do Executivo, parlamentares, representantes de organizações religiosas e outros convidados, o ministro do Urbanismo e Construção, Fernando Fonseca, realçou a importância da ponte para “os largos milhares de angolanos que anualmente fazem a peregrinação de fé à Nossa Senhora da Muxima, um destino religioso, igualmente cultural”, e que passam a poder fazer a viagem com “mais segurança e mais conforto”.
Fernando Fonseca considerou a Ponte 17 de Setembro uma das maiores “obras de arte” construídas desde que o país conhece a paz efectiva, em Abril de 2002.
“A sua envergadura mostra bem a razão de ser da opção de engenharia feita, tendo em conta o conjunto de factores de natureza económica, social, cultural e ambiental que lhe são subjacentes.”
Além do benefício aos peregrinos da Nossa Senhora da Muxima, que vêem assim encurtada a distância e melhoradas as condições de acesso, o ministro apontou outras vantagens decorrentes da abertura da circulação naquela ponte:
“Esta ponte vai jogar um papel determinante no conceito de corredor interior alternativo ao corredor litoral, que terá como resultado imediato o alívio do fluxo de tráfego usuário no sector oriental e norte da cidade de Luanda, servindo a Zona Industrial de Luanda”.

“Com a conclusão da obra”, referiu, “o nosso corredor estabelecido entre Cabo Ledo, Muxima, Cabala e Catete vai permitir um novo fluxo de entrada e saída de Luanda metropolitana pelo lado oriental do eixo Catete/Viana e pelo lado norte no eixo Catete/Cacuaco”. 
Acrescentou que a abertura da ponte permite “consolidar o eixo de ligação rodoviária Norte-Sul, entre as províncias do Bengo e Kwanza-Norte, do Kwanza-Sul e Benguela, e do Kwanza-Sul e Huambo, na rede fundamental de estradas”. O ministro lembrou ainda o papel da ponte na ligação fluvial do rio Kwanza, visto como “importante elo logístico, sempre disponível e pouco oneroso na cadeia de transportes outrora usados pelos nossos antepassados, opções que favorecem o desenvolvimento de todo o território nacional”.