terça-feira, 7 de dezembro de 2010

AVIÃO DA TAAG PERDE PEÇAS SOBRE ALMADA

"Comecei a ver coisas a cair do céu e de repente senti uma pancada forte na cabeça." Miguel Correia, funcionário da pastelaria Danúbio, na avenida D. Afonso Henriques, Almada, foi uma das muitas testemunhas e também ele vítima da queda de peças de um avião, que ontem de manhã, em pleno voo e com 125 passageiros a bordo, teve uma avaria num reactor. Foi obrigado a aterrar de emergência no aeroporto da Portela, em Lisboa, poucos minutos depois de ter descolado.
Em pelo menos oito ruas de Almada, a PSP e os bombeiros recolheram vários objectos do Boeing 777-200 da TAAG – Linhas Aéreas de Angola, que voava com destino a Luanda. As peças danificaram quatro carros, partiram as telhas de um restaurante e a clarabóia de um prédio, mas não causaram feridos. As peças foram entregues ao Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) para serem analisadas. A empresa aérea já assumiu todas as consequências da queda das peças.
Na rua Lourenço Pires de Távora, uma das peças caiu em cima de um carro, estilhaçando os vidros da viatura. "Ouvi um estrondo e quando olhei para trás vi que o carro estava destruído. Nunca pensei que fossem peças de um avião", contou ao CM Vladimiro Sequeira, de 67 anos. Ana Ferreira, irmã do proprietário do carro, nem queria acreditar quando viu os estragos. "O meu irmão ligou-me muito aflito a dizer que o carro dele estava todo partido porque as peças de um avião tinham caído em cima do veículo. Até pensei que estava a brincar", disse a mulher. Uma das peças partiu ainda as telhas de um restaurante e assustou proprietário e clientes.
Quanto aos 125 passageiros que seguiam a bordo do avião, ficaram alojados em hotéis de Lisboa e deverão seguir viagem para Luanda hoje pelas 10h00.

COMPANHIAS ANGOLANAS NA LISTA NEGRA
A Comissão Europeia autorizou em Março último a companhia aérea angolana TAAG a voltar a voar para todos os destinos da UE "sob determinadas condições estritas e com aeronaves específicas". O único destino europeu autorizado até essa altura à TAAG era Lisboa, "apenas com certos aparelhos e segundo condições muito estritas". Todas as transportadoras angolanas continuam na lista negra europeia de companhias proibidas de voar nos céus dos 27, mas as restrições impostas à TAAG foram "parcialmente levantadas sob determinadas condições". A lista negra da UE inclui cerca de uma centena de companhias aéreas.

TAAG VAI ASSUMIR DANOS PROVADOS
Os encargos com os danos provocados por peças do Boeing 777-200 da companhia TAAG, que ontem danificaram várias viaturas em Almada, serão suportados pela empresa. O delegado da TAAG em Portugal, Virgílio Costa, garantiu em comunicado que "está a recolher informações sobre eventuais consequências resultantes deste incidente", garantindo, desde já, que a empresa "assumirá a protecção de tais consequências". A meio da manhã, várias viaturas foram atingidas por pedaços de metal caídos do céu, que terão origem no avião da TAAG. "Decorrendo dos inquéritos que estão a ser feitos e provando-se que as peças resultam do mesmo avião, obviamente que a TAAG assume as responsabilidades", garantiu.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) está a verificar o estado do avião, adiantou ao CM o director, tenente-coronel Fernando Ferreira dos Reis. Só hoje, com as peças recuperadas em poder do GPIAA, será possível "dar mais informações", explicou, acrescentando que "estes problemas são raros". A investigação estará depois a cargo de uma comissão, liderada pelo Governo português, que integrará responsáveis do país do avião envolvido e dos construtores.
Quanto à possibilidade de serem recolhidas peças com outras origens, o director garante não haver qualquer confusão: "As peças não se confundem assim."

HÁ QUEM FALE EM MILAGRE DO CRISTO REI
Na rua Francisco de Andrade, em Almada, o facto de não ter havido feridos graves é visto como um milagre do Cristo Rei. "Deus foi grande. Ainda bem que temos o Cristo Rei aqui perto para nos proteger", disse ao CM José Catarino. O empreiteiro Joaquim Rico, por sua vez, comparou o barulho das peças a balas. "Foi um susto muito grande. Pareciam balas a ser disparadas", testemunhou.

Fonte: correio da manha

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