quinta-feira, 24 de julho de 2008

OS RETORNADOS

Seria ele um retornado? Dificilmene!
Como muitos outros, especialmente a classe mais jovem, também ele tinha nascido em Angola e por lá ficaria, não fosse a pressa de alguns homens, desconhecedores em absoluto da realidade angolana e despojados por completo daquilo que hoje entendemos como sentido de estado.
Encontrava-se entre as centenas de milhar que foram arrancados à pressa das terras que o viram crescer e de uma hora para a outra largados no outro lado do mar, no mesmo país, mas completamente diferente da terra que amavam e consideravam sua. Não precisou de muito tempo para se apercebe que ninguém os desejava e como nada conhecia, deixou-se conduzir pelos seus pais para uma pequena aldeia, a mesma que eles tinham abandonada há mais de trinta anos. Água só mesmo a do pequeno rio que passava a poucas dezenas de metros, electricidade não havia, continuava-se a usar os velhos candeeiros a petróleo e as velas. Pior que isso, casas de banho era algo completamente desconhecido, havia o rio para tomar banho e um giestal onde os habitantes faziam os possíveis para não se encontrar, sempre que precisavam fazer as sua necessidades fisiológicas. Também frio, sim demasiado frio para quem viveu toda uma vida em terras de África.
Sem conhecimentos, sem recursos, o que fazer numa aldeia que embora pequena, mostrava também a sua antipatia para com estes invasores?
continua....

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