sexta-feira, 25 de julho de 2008

OS RETORNADOS (continuação)

Porque não se vive do ar, o primeiro trabalho que este jovem na casa dos vinte anos conseguiu, foi pegar numa "pedoa" e juntar-se aos homens da terra, todos já de meia idade e subir ao alto das serras para desbastar pinheiros, isto é cortar alguns à volta para que outros pudessem crescer e engrossar. Era inverno, o frio era tão intenso, que muitas vezes já nem sabia se tinha mãos, quanto mais força para continuar a brandir a "pedoa" para cortar as pequenas árvores.
Como tudo na vida, as pessoas acabam por se adaptar embora revoltados, mas foi essa mesma revolta que o ajudou a dar a volta por cima e com a coragem própria de quem já andou por outras paragens, não demorou muito a enveredar por outro caminho. Embora nunca tivesse pegado num fio eléctrico, viu uma oportunidade de ganhar dinheiro quando começaram a electrificar a pequena aldeia onde veio parar. Arranjou uns livros e ali estava ele a fazer instalações de raiz nas casas da aldeia. (até hoje ainda não ardeu nenhuma). Mas os horizontes eram demasiado pequenos para ele naquelas paragens, quando tinha meia dúzia de tostões, sem medo rumou a Lisboa. Ainda continuava com o rótulo de retornado, não podia esconder o seu local de nascimento, Angola, quando tentava arranjar emprego na mesma área em que trabalhara no outro lado do mar.
continua....

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