sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

HONRAS DO PARLAMENTO ANGOLANO A EKUIKUI IV

O Presidente da Assembleia Nacional rendeu ontem a última homenagem a Augusto Catchitiopololo, Rei do Bailundo Ekuikui IV, falecido no Huambo, a 14 de Janeiro, por doença.
Durante a cerimónia, ocorrida no pavilhão Osvaldo Serra Van-Dúnem, na cidade do Huambo, coube ao deputado Raul Barcelo fazer a leitura da mensagem do líder do Hemiciclo angolano, na qual se referia a Augusto Catchitiopololo como “homem hábil e servidor da causa angolana”. O texto realça ainda o empenho de Augusto Catchitiopololo na “defesa da verdade e da justiça, pelas quais se bateu com denodo e honestidade ao longo das lides parlamentares e no rico percurso da sua vida”.
“Neste momento de profundo pesar, exprimo a total solidariedade dos deputados, funcionários e agentes parlamentares e inclino-me com o maior respeito à memória do deputado e amigo, cuja falta lamentamos e sentiremos nos anos vindouros”, sublinha a mensagem do Presidente da Assembleia Nacional.
No acto, foram lidas outras mensagens, com realce para a do Chefe do Executivo, do Governo Provincial do Huambo, das autoridades tradicionais e do grupo parlamentar do MPLA. Os colegas de bancada de Augusto Catchitiopololo destacaram “os exemplos de coragem, firmeza de princípios, dedicação e espírito patriótico à causa do seu povo e do MPLA”.
A mensagem do Chefe do Executivo dá ênfase ao Rei Ekuikui IV como “depositário das mais nobres tradições do seu povo e possuía um grande sentido de honra e de dignidade, tendo dado um inestimável contributo à conquista da paz e ao processo de reconciliação nacional”.
Além de Paulo Cassoma, as exéquias de Augusto Catchitiopololo tiveram a presença de deputados à Assembleia Nacional, membros da classe política da província, autoridades tradicionais e religiosas, magistrados judiciais e do Ministério Público, representantes das Forças Armadas, da Polícia Nacional e membros da sociedade civil.
Os restos mortais do Rei do Bailundo Ekuikui IV foram, em seguida, transladados para o município do Bailundo, onde foram depositados em câmara ardente no jango do Clube Recreativo, onde também mereceu homenagem por parte dos membros do secretariado do comité municipal do MPLA, da administração local e representantes de partidos políticos com assento parlamentar. A urna com os restos mortais do Rei Ekuikui IV foi entregue mais tarde à corte do Bailundo para dar sequência à cerimónia tradicional na Ombala Mbalundo, depois da missa de corpo presente na Igreja Católica do município do Bailundo. O Jornal de Angola apurou que, cumprido o ritual fúnebre da região, os restos mortais do rei são depositados no monte “Halavala”, na vila do Bailundo, onde jazem os antigos reis do Bailundo.

Augusto Catchitiopololo, Rei Ekuikui IV, nasceu na ombala de Tchinhala, comuna de Luvemba, município do Bailundo, a 25 de Janeiro de 1914. É filho único de Pedro Kapingala e de Nambulu, neto legítimo do Ekuikui II.
O malogrado tinha como habilitações literárias a 4ª classe, feita no Bailundo. Depois de ter vivido a infância bastante dura devido à exploração colonial, ainda adolescente uma das primeiras actividades a que se dedicou foi o comércio nas zonas fronteiriças do território do Huambo e Kwanza-Sul.
Em 1960, Augusto Catchitiopololo foi preso político, tendo sido desterrado para a colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe, onde permaneceu durante nove anos. Terminado o tempo de cárcere, voltou à sua terra natal. Foi obrigado a integrar uma comitiva distrital do Huambo, que foi receber o primeiro-ministro português Marcelo Caetano.
Com a intensificação do conflito armado para a independência de Angola, como homem político, mantinha contacto secreto com outros nacionalistas próximos. Após o 25 de Abril de 1974 Augusto Catchitiopololo decidiu abandonar a comuna do Luvemba, instalando-se na sede do município do Bailundo com a sua família e parte do seu povo.
De 1990 a 1992, Augusto Catchitiopololoassumiu o reinado interino do Bailundo, em virtude do rapto do rei Ekuikui III. Nos períodos que se seguiram, foi alvo de perseguições que o obrigaram a refugiar-se na cidade do Huambo.

Sem comentários: