quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

FNLA - PERTO DA EXTINSÃO?


Quando os historiadores se referirem à FNLA, num dia, no futuro próximo, referir-se-ão também à casmurrice de dois homens, NGola Kabangu e Lucas NGonda, como o exemplo acabado da destruição operária de um partido. Efectivamente, se cada um destes dois homens colocasse as suas energias na busca de um bem comum, os angolanos não estariam a assistir ao avançado processo de implosão de um dos partidos históricos.

Angola já assistiu à extinção de partidos por força da Lei, viu-se agora com o resultado das eleições legislativas de 2008. Até partidos com rosto intelectual deixaram simplesmente de existir. Aqui a explicação é única, os votos que receberam mostraram que não se tinham inserido suficientemente no tecido social angolano, ou, ao menos, não se inseriram nem no coração dos angolanos, nem nos mecanismos da razão no momento do voto. Ainda assim, não deixa de provocar uma certa incredulidade quando se vê um partido que foi signatário dos acordos de Alvor, que ditaram a independência de Angola, caminhar vertiginosamente para a extinção da sua própria luz. E tudo porque dois militantes não se entendem, porque se julgam donos de um partido que pelo seu percurso mereceria muito mais respeito que o que lhe dedicam os que o querem dirigir.

Claramente o próximo congresso da FNLA, ditado pelo acórdão do Tribunal Constitucional, não unirá as alas. Tudo se precipitará na definição dos delegados. NGonda, o líder interino aceite pelo Tribunal, obviamente levará ao congresso os seus pares, os que lhe garantirão votação suficiente para ser presidente.

Kabangu dificilmente irá ao Congresso. Os angolanos, por sua vez, assistirão a tudo isso com uma fria indiferença, que é como já se vão habituando a lidar com as notícias sobre o partido dos irmãos.

Nem NGonda nem Kabangu se apercebem que quem ganhar sozinho ficará apenas com um desconjuntado esqueleto daquilo que já foi um partido com alma e com sangue jovem? Agora Ngonda deu-lhe para marcar faltas a Kabangu por não ter estado presente nas suas reuniões do seu Comité Central, vai puní-lo por indisciplina, foram notícias que correram a imprensa. Por seu turno, Kabangu não quer entregar a sede do partido que ocupa. Nos desenhos animados da televisão divertimonos menos que a assistir às birras destes dois homens adultos.

Mas há outras coisas neste partido, que até tem três deputados no parlamento que não se revêem na direcção reconhecida pelo Tribunal.

É isso mesmo, essa FNLA do parlamento concorreu com Kabangu na presidência, autorizado pelo mesmo Tribunal que agora diz que ele afinal não é presidente do partido coisa nenhuma, nem interino. Mas os dois casmurros, homens adultos, não querem acreditar que o facto de terem presença parlamentar os deveria unir, que isso é uma vantagem grande para influenciarem a vida política do país, para se democratizarem internamente … para decidirem que nenhum dos dois deve lutar pela presidência, que devem requerer uma espécie de estatuto especial no partido, mas sem interferirem na escolha do próximo líder …É a única saída para a FNLA, que um e outro desistam voluntariamente da ideia de liderar o partido. É que para a FNLA, Lucas NGonda e NGola Kabangu são autênticas bombas relógio, quer um quer o outro, neste momento, representam o fim do partido.

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