Depois de ter sido devolvido à liberdade, no dia 29 de Abril, Pierre Falcone é um homem feliz por voltar ao convívio dos familiares e amigos. Mas também por ver a justiça prevalecer sobre a intriga e a manipulação, numa longa e extenuante batalha jurídica que durou 11 anos.
O empresário francês foi ontem recebido pelo Presidente da República, no Palácio da Cidade Alta, em Luanda.
À saída da audiência com José Eduardo dos Santos, Pierre Falcone disse à imprensa que a decisão da justiça francesa é uma vitória de Angola: "vim para partilhar essa felicidade com o senhor Presidente da República, e com todos os meus amigos angolanos. Foram 11 anos de luta para que a verdade triunfasse, mas também admitida em Angola e no mundo", declarou.
Pierre Falcone disse que foi proclamada, "a verdade única e histórica". Para o empresário, a fé na justiça e ter estado sempre do lado da verdade deu-lhe forças para suportar os 11 anos de uma batalha jurídica desgastante.
"Sempre tive a esperança de que a verdade fosse proclamada publicamente como fez o tribunal francês. A minha decisão foi lutar para o grande dia de vitória da República de Angola, do Presidente José Eduardo dos Santos, do Executivo, e, evidentemente, minha, da minha família e dos meus companheiros que foram tratados injustamente, como todos sabem", referiu.
Pierre Falcone referiu que as várias peripécias do processo foram apenas fruto de "concepções erradas" sobre a realidade angolana: "algumas pessoas pensavam errado e preferiam viver uma história velha, talvez com receio de admitir a verdade da nova República de Angola. Só que a verdade histórica é uma só, desde as eleições de 1992, que o Governo de Angola foi reconhecido pelo mundo inteiro. Pena que houve gente que não quis admitir isso".
As acusações que levaram à sua prisão, em Outubro de 2009, não foram suficientes para Pierre Falcone deixar de acreditar na justiça francesa: "prefiro pensar que foram erros de pensamento, de análise, em vez de manipulação.
A França é um grande país e tem muita gente boa, mas tem também pessoas que não queriam admitir a realidade angolana, a realidade da vitória angolana e a realidade da legitimidade da soberania angolana", declarou.
O Tribunal de Segunda Instância de Paris, presidido pelo juiz Alain Guillou, considerou que não houve tráfico de armas no caso "Angolagate", contrariando a sentença do julgamento em primeira instância. Charles Pasqua, ex-ministro do Interior, que fora condenado a três anos de prisão, foi ilibado e Falcone ficou com uma pena que lhe permitiu sair da prisão.
A venda de armas ao Governo angolano ocorreu entre 1993 e 1998, tendo sido decisiva para o fim da guerra civil.
No julgamento de recurso, que decorreu de 19 Janeiro a 3 de Março, os advogados de defesa de Falcone lutaram para fazer valer a tese de que não houve comércio "ilícito", mas sim uma operação organizada com base num "mandado" do Governo legítimo de Angola, confrontado com uma rebelião (da UNITA) condenada pela ONU. Pierre Falcone avaliou o potencial de crescimento da economia angolana: "sou um empresário com presença em 17 países, com mais de 2.500 empregados, viajo muito e estou em condições de comparar o 'milagre angolano' com o que se vê noutros países, que não estão a desenvolver-se tão rápido como Angola. É preciso continuar nesta direcção", declarou.
No entender do empresário, depois de "sobreviver aos tempos difíceis", é hora de pensar no desenvolvimento de Angola: "graças a Deus sobrevivemos a esse tempo difícil, agora é construir e desenvolver a Angola. Se na cadeia nos mantivemos na luta, agora com liberdade e com a verdade histórica proclamada vou continuar".
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