Também se morre de desgosto!
Foi dos primeiros colonos a chegar ao colonato da Cela, numa altura em que era proibido contratar pessoal local (negros) para ajudar no cultivo da terra. A vida era dura, quando o tempo não ajudava e havia poucas colheitas, tinha de se remediar com o pouco que tinha, mas quando havia abundancia nas safras, a situação não melhorava muito, pois todo o cereal era canalizado para um grémio que pagava o que bem lhe apetecia. Por muito que se trabalhasse o resultado era sempre o mesmo, daí o desencanto e o retorno à terra natal num navio que demorou dezassete dias a fazer a travessia até Lisboa.
Mas quem pisa solo africano, dificilmente se sente bem noutro lugar e foi o que aconteceu com este homem e a sua mulher, já entradotes na idade, mas ainda assim aventureiros, como é próprio dos homens de tempera de antigamente. Fez-se de novo ao mar, rumo à fazenda dum filho e dali para junto de outro, para os lados do Amboim, onde o café dava emprego a milhares de pessoas. Por ali ficou até ao ano de 1975.
Como todos os demais, também ele teve de abandonar à pressa a terra que amava e retornar de novo à sua pequena aldeia, algures para o lado da Guarda. Nunca mais foi o mesmo, sempre triste, desviava-se das pessoas com o olhar fixo algures, quem sabe nas terras do fim do mundo. Nada possuía e quando olhava para a sua antiga casa, um sorriso de dor trespassava-lhe o rosto, mas não emitia qualquer som. Assim viveu algum tempo, triste, sempre triste, até que a morte, o remédio de todos os males, resolveu um dia bater-lhe à porta e sem um queixume, deixou-se levar, era o fim de tudo, de todo o desespero, de toda a angustia, de toda uma dor que só mesmo a morte poderia sarar.
Foi dos primeiros colonos a chegar ao colonato da Cela, numa altura em que era proibido contratar pessoal local (negros) para ajudar no cultivo da terra. A vida era dura, quando o tempo não ajudava e havia poucas colheitas, tinha de se remediar com o pouco que tinha, mas quando havia abundancia nas safras, a situação não melhorava muito, pois todo o cereal era canalizado para um grémio que pagava o que bem lhe apetecia. Por muito que se trabalhasse o resultado era sempre o mesmo, daí o desencanto e o retorno à terra natal num navio que demorou dezassete dias a fazer a travessia até Lisboa.
Mas quem pisa solo africano, dificilmente se sente bem noutro lugar e foi o que aconteceu com este homem e a sua mulher, já entradotes na idade, mas ainda assim aventureiros, como é próprio dos homens de tempera de antigamente. Fez-se de novo ao mar, rumo à fazenda dum filho e dali para junto de outro, para os lados do Amboim, onde o café dava emprego a milhares de pessoas. Por ali ficou até ao ano de 1975.
Como todos os demais, também ele teve de abandonar à pressa a terra que amava e retornar de novo à sua pequena aldeia, algures para o lado da Guarda. Nunca mais foi o mesmo, sempre triste, desviava-se das pessoas com o olhar fixo algures, quem sabe nas terras do fim do mundo. Nada possuía e quando olhava para a sua antiga casa, um sorriso de dor trespassava-lhe o rosto, mas não emitia qualquer som. Assim viveu algum tempo, triste, sempre triste, até que a morte, o remédio de todos os males, resolveu um dia bater-lhe à porta e sem um queixume, deixou-se levar, era o fim de tudo, de todo o desespero, de toda a angustia, de toda uma dor que só mesmo a morte poderia sarar.
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