Porto Amboim, antiga Benguela Velha, na província de Kwanza-Sul, assinalou, no dia 15 de Outubro, 424 anos da sua elevação à categoria de cidade, com o signo de progresso e optimismo dos seus habitantes.
A localização geográfica, potencialidades piscatórias e agrícolas fazem da cidade de Porto Amboim o destino promissor de muitos angolanos, que nela se revêem e de que se orgulham.
À semelhança de outros municípios da província do Kwanza-Sul e do país, em geral, o desenvolvimento da cidade esteve condicionado pelos efeitos colaterais do conflito armado, circunstâncias que causaram o adiamento de muitos projectos que visavam o seu desenvolvimento social, económico e cultural.
Outro factor constrangedor deveu-se ao facto de muitos filhos da terra partirem para outras localidades do país e para o estrangeiro, em busca de soluções do ponto de vista da formação académica e técnicoprofissional, uma vez que o município e a província não dispunham de ofertas, nos referidos domínios.
Êxitos alcançados
De acordo com o administrador Francisco Kapassola, com o alcance da paz definitiva, em Angola, o Executivo gizou programas e projectos para que a cidade pudesse reavivar e resgatar o seu potencial agropecuário e industrial, no âmbito regional e nacional. É assim que, hoje, são visíveis os níveis de desenvolvimento, nos mais variados aspectos, com destaque para os sectores da indústria piscatória, agropecuária, indústria transformadora e nos sectores sociais.
O maior orgulho da administração do município resulta do dinamismo verificado no sector privado, que vem dando o seu contributo para o desenvolvimento de Porto Amboim, muito em particular das empresas do ramo das bebidas e de água mineral, entre outras.
A Peskwanza, apesar do momento não menos bom que está a viver, é, em seu entender, um gigante com perspectivas promissoras na captura, congelação e transformação de pescado e, segundo os responsáveis da empresa, aguarda-se por um investimento para dinamizar o seu funcionamento.
A implantação na localidade de empresas ligadas ao sector petrolífero, nomeadamente, a Paenal e a Heerema Group, tal como o início da construção da subestação da Empresa Nacional de Electricidade (ENE) constituem apostas que transformaram a cidade de Porto Amboim num verdadeiro "pólo de desenvolvimento". Os ganhos estão à vista de todos, a começar pela garantia de empregos directos aos habitantes da região, sublinhou o responsável administrativo.
O desenvolvimento da cidade, acrescentou, não está apenas nos sectores da agropecuária e indústria, pois a rede hoteleira está em franco crescimento, aliado ao seu potencial turístico, que encanta todos que ali se deslocam.
O desenvolvimento de Porto Amboim, segundo Francisco Kapassola, constitui a aposta de todos, com base em projectos concebidos pelo conselho municipal de concertação e auscultação social.
Projectos sociais
Para além do potencial em recursos naturais, os habitantes são exímios trabalhadores em todos os sectores. Todos os dias, operários, camponeses e comerciantes se empenham em executar várias tarefas e, assim, vão transformando a cidade num verdadeiro estaleiro de obras.
A administração traçou um plano de desenvolvimento municipal para responder às reais necessidades das populações e imprimir nova dinâmica ao contexto social e económico. Mas, a crise financeira e económica teve repercussões negativas sobre o programa, um atraso verificado na revisão do Orçamento Geral do Estado, que provocou a paralisação de muitos projectos que, agora, vão ser executados, no âmbito do Programa de Combate à Fome e à Pobreza.
Por isso mesmo, considerou que um dos grandes desafios da administração municipal é a execução de projectos sociais que respondam às necessidades prementes das populações. A continuação da construção do novo porto pelo Executivo é, na sua perspectiva, a esperança da revitalização da actividade pesqueira e ponto de partida para o desenvolvimento do município.
As acções de saneamento do meio, a construção de uma rede de distribuição de água potável, na sede e nos arredores, a requalificação da cidade, entre outras acções, são para o administrador as grandes prioridades para os próximos tempos. Os sectores da Saúde e da Educação do município vivem várias dificuldades para dar resposta às necessidades das populações. Por isso, as autoridades locais redobram esforços para alterar o quadro.
A rede sanitária conta com um hospital municipal, com 85 camas para internamento, três centros médicos e 13 postos de saúde. O corpo clínico é constituído por 19 médicos, dos quais 16 estrangeiros e três nacionais, 80 enfermeiros de vários escalões e nove técnicos.
Os casos de paludismo, doenças respiratórias e diarreicas agudas são as principais enfermidades entre a população daquela parcela da província do Kwanza-Sul.
Quanto à educação, o sector comporta uma rede escolar de 201 salas, estando, neste ano lectivo, matriculados um total de 26.480 alunos, nos vários subsistemas de ensino. As aulas são garantidas por 720 professores.
Apesar dos indicadores de crescimento, o município apresenta ainda carências, em termos de infra-estruturas escolares e professores. A situação está a contribuir para que um total de quatro mil crianças, dos seis aos 14 anos, fique fora do sistema. A pesca constitui o sector primário da economia da localidade, mas vive imensas dificuldades, devido à degradação das infra-estruturas e de equipamentos de pesca, falta de incentivos financeiros, entre outros condicionalismos. Os responsáveis apontam também a concorrência desleal de embarcações industriais de alto porte.
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