Já se passaram mais de tres decadas desde a chegada dos retornados a terras lusas. Bem cedo se começaram a fazer "encontros", onde uma vez por ano os ex-residentes de algumas cidades de Angola se juntavam para confraternizar e matar saudades de toda uma vida passada em terras do ultramar.
Tenho lido ultimamente que estes encontros tendem a acabar, tão reduzido é já o número das pessoas que ainda teimam em deslocar-se a esses locais para reencontrar antigos amigos ou conhecidos. Para mim isto é natural e aponto duas razões.
A primeira é que os mais velhos, aqueles que viveram toda uma vida nas terras de além-mar, aos poucos vão desaparecendo e com eles vai também a forma de vida, o espirito africano e que embora vivessem os seus ultimos anos em Portugal, teimaram em manter o seu modo de vida, fraterno, amigo e de sã convivencia.
A segunda é que os retornados de "segunda geração" ou simplesmente refugiados porque a maioria são naturais das ex-provincias ultramarinas, facilmente se deixou enredar por um outro modo de vida, o europeu e a maioria aos poucos foi perdendo esse "espirito angolano", essa necessidade de manter esses laços, embora fossem apenas uma vez por ano (restam poucos).
Pessoalmente acredito nestes dois factores e creiam que tenho razões para o afirmar. Em certa epoca fui apreciado por algo que ia escrevendo na NET dirigido principalmente para o ultimo grupo de pessoas no qual me incluo, mas quando descobriram quem se escondia por baixo do pseudonimo que uso nas minhas escritas, tudo o que escrevi e que tantos elogios me valeu, deixou de ter qualquer interesse.
Trinta e cinco anos são efectivamente muito tempo, todos mudamos e procuramos ocupar o nosso lugar na sociedade que nos acolheu, quer em Portugal, quer no estrangeiro, mas uma coisa é certa: desse "espirito africano" pouco resta e daí esses encontros terem os seus dias contados.
Acredito no que li que poucos já são os que procuram esses encontros.Eu deixei esses encontros por ter casado com um português. Hoje procuro saber a data e o local de encontro e não consigo, se poder mandar para o meu endereço eletrónico é mais uma pessoa a juntar-se aos poucos que restam, porque eu ainda conservo esse espirito africano.
ResponderEliminarhelena.ouro.vieira@hotmail.com
Até lá