sábado, 14 de agosto de 2010

OS RETORNADOS DE SEGUNDA GERAÇÃO

Já se passaram mais de tres decadas desde a chegada dos retornados a terras lusas. Bem cedo se começaram a fazer "encontros", onde uma vez por ano os ex-residentes de algumas cidades de Angola se juntavam para confraternizar e matar saudades de toda uma vida passada em terras do ultramar.

Tenho lido ultimamente que estes encontros tendem a acabar, tão reduzido é já o número das pessoas que ainda teimam em deslocar-se a esses locais para reencontrar antigos amigos ou conhecidos. Para mim isto é natural e aponto duas razões.

A primeira é que os mais velhos, aqueles que viveram toda uma vida nas terras de além-mar, aos poucos vão desaparecendo e com eles vai também a forma de vida, o espirito africano e que embora vivessem os seus ultimos anos em Portugal, teimaram em manter o seu modo de vida, fraterno, amigo e de sã convivencia.

A segunda é que os retornados de "segunda geração" ou simplesmente refugiados porque a maioria são naturais das ex-provincias ultramarinas, facilmente se deixou enredar por um outro modo de vida, o europeu e a maioria aos poucos foi perdendo esse "espirito angolano", essa necessidade de manter esses laços, embora fossem apenas uma vez por ano (restam poucos).

Pessoalmente acredito nestes dois factores e creiam que tenho razões para o afirmar. Em certa epoca fui apreciado por algo que ia escrevendo na NET dirigido principalmente para o ultimo grupo de pessoas no qual me incluo, mas quando descobriram quem se escondia por baixo do pseudonimo que uso nas minhas escritas, tudo o que escrevi e que tantos elogios me valeu, deixou de ter qualquer interesse.

Trinta e cinco anos são efectivamente muito tempo, todos mudamos e procuramos ocupar o nosso lugar na sociedade que nos acolheu, quer em Portugal, quer no estrangeiro, mas uma coisa é certa: desse "espirito africano" pouco resta e daí esses encontros terem os seus dias contados.

1 comentário:

  1. Acredito no que li que poucos já são os que procuram esses encontros.Eu deixei esses encontros por ter casado com um português. Hoje procuro saber a data e o local de encontro e não consigo, se poder mandar para o meu endereço eletrónico é mais uma pessoa a juntar-se aos poucos que restam, porque eu ainda conservo esse espirito africano.
    helena.ouro.vieira@hotmail.com
    Até lá

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