sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ANGOLAGATE

Charles Pasqua apresenta queixa contra o tribunal

Pasqua ontem na conferência de imprensa


O antigo ministro francês do Interior, Charles Pasqua, anunciou, ontem, ter apresentado queixa contra Philippe Courroye, magistrado instrutor no caso “Angolagate”, a quem acusa de não ter incluído um documento no dossier. Pasqua foi condenado, em primeira instância, por “tráfico de influência”, a três anos de prisão, um dos quais efectiva.
O antigo ministro francês afirmou ontem que o ex-Chefe de Estado Jacques Chirac estava informado desde 1995 da venda de armas a Angola e acusou-o de “não ter assumido as suas responsabilidades”.
“Em 1995, Jacques Chirac, Dominique de Villepin (então secretário-geral do Eliseu), Charles Millon (ministro da Defesa), Hervé de Charette (ministro dos Negócios Estrangeiros) estavam informados das vendas de armas a Angola”, afirmou o antigo ministro do Interior numa conferência de imprensa em Paris. “Nenhuma destas personalidades foi ouvida pelo magistrado instrutor, nenhuma se opôs a estas operações quando na verdade estavam informadas”, acrescentou Charles Pasqua. O político francês mostrou uma nota da DGSE, a contra-espionagem francesa, enviada a 13 destinatários das altas esferas do Estado e que prova o carácter ilegal da transacção. “Como, se a justiça considerou que esta venda de armas são ilegais, estas autoridades não fizeram nada para parar estas operações e não são também elas acusadas de cumplicidade?”, disse ainda Pasqua.
Pasqua considerou que Chirac “faltou ao seu dever”. “Eu acuso-o de não ter assumido as suas responsabilidades”, acrescentou, qualificando o seu comportamento de “inaceitável”. Por essa razão, afirmou “fiz tudo por ele e arrisquei a minha pele por ele”.
O antigo ministro francês anunciou que apresentou queixa ontem contra o juiz Philippe Courroye, encarregado do inquérito sobre o chamado Angolagate, acusando-o de ter dirigido “uma instrução unicamente conduzida para o ataque”. Deu também a conhecer a sua intenção de lançar uma petição junto dos deputados franceses para obter o levantamento do segredo de Estado em todos os casos de vendas de armas desde 2002, pedindo que o Presidente Nicolas Sarkozy “não se oponha ao levantamento do segredo de Estado”, “mas que o facilite”.

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