quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ACUSAÇÃO E JULGAMENTO DO GENERAL MIALA - 14

Continuação....

Quarto Crime
(Os dinheiros públicos...)

Em qualquer país do mundo existe um orçamento para as actividades dos serviços secretos. Que é isso mesmo: secreto. Normalmente é controlado por uma comissão do Parlamento, mas no nosso caso, e conhecendo o Parlamento que temos, é melhor esquecer. No nosso país, crê-se que este orçamento faz parte do famoso e igualmente misterioso "saco azul" directamente controlado pelo Presidente da República.
Ora, por inerência das suas funções, Miala geria uma boa fatia deste orçamento, senão mesmo todo. Note-se que pela natureza secreta das operações a que se destinava, dispensava os procedimentos de controlo contabilísticos habituais, como facturas concursos públicos, etc. O que significa dizer que o general tinha à sua disposição muito dinheiro que podia usar mais ou menos à sua discrição. Como ele foi usado, não será tão cedo que se saberá. Mas que as bocas do povo já chamaram os Toyota Prado com que jornalistas e figuras públicas (e algumas Luandas dois, e... catorzinhas) passaram a circular "Prados do Miala" - lá isso já chamaram. Que houve uma reunião no Palácio Presidencial da Cidade Alta em que o próprio Presidente reclamou dos gastos - verdade ou mentira - lá isso também ouvimos. Mas não se perca de vista que com esse dinheiro, o general executou também operações dignas de constar nos anais dos serviços de inteligência de qualquer país do Mundo, como as defecções de membros do clã Savimbi, de Bento Bembe da Holanda e outras que certamente não saberemos tão cedo. Detentor deste poder económico, o general - parece-nos - fez muitas coisas boas e menos boas. Porém, terá atraído sobre si muitas invejas. E diga-se em abono da verdade que não é normal em nenhuma parte do mundo os orçamentos destinados aos serviços secretos financiarem projectos... filantrópicos, mesmo para crianças claramente carentes.

Continua....

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